quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ensinar bem é... saber elogiar.

Ensinar bem é...

...saber elogiar.

A qualidade do elogio não está nas palavras, mas na maneira como ele é feito. E isso na escola pode ter sérias consequências.

Em sala de aula, elogios demais ou de menos podem ser igualmente prejudiciais para o estudante. Autora de uma teses sobre o assunto, Telma Vinha, de Campinas (SP), concluiu que esse discurso de admiração pode se dividido em duas categorias: o valorativo e o descritivo.

O valorativo tem um caráter destrutivo, independentemente de conter uma crítica positiva ou negativa. A frase “Você é muito inteligente” é um exemplo. Nela está contido um juízo de valor. Esse tipo de exaltação, de acordo com Telma, gera dependência. A criança passa a fazer as coisas com o objetivo de receber a aprovação das pessoas e vai perdendo a capacidade de se auto-avaliar. Imagine que um aluno muda uma mesa de lugar. Se em vez de afirmar “Você é muito forte” você disser “ Obrigada, eu não conseguiria carregar isso sozinha”, o julgamento sobre ser forte ou não fica a cargo dele. O estudante que tem sempre suas ações enaltecidas de forma valorativa pode ficar com receio de desapontar os outros. “É uma carga muito grande ser inteligente ou bem-comportado durante o tempo todo”, considera a pedagoga.

Descrever pontos fortes.

Já o elogio descritivo é beneficente e contribui para que o estudante adquira consciência da sua própria evolução. Expressões como “Parabéns. Seu texto está muito bem redigido. Você conseguiu captar bem o tema proposto” podem ser ditas em particular ou de maneira que a classe ouça, pois a turma toda aprende com os erros e acertos de um colega.

“Ser descritivo dá trabalho para p professor”, admite Telma. Ela explica que é mais fácil escrever palavras como “Lindo” ou “Parabéns” do que indicar os pontos fortes presentes em uma atividade. Se a classe for numerosa, você pode fazer essas intervenções em alguns trabalhos apenas, em cada aula. Por meio de um revezamento , ao final de determinado período todas as crianças terão suas lições avaliadas desse modo.

Para quem não está acostumado a atuar assim, Telma dá uma sugestão: “Faça de conta que está descrevendo o texto analisado para alguém que não o leu, ou o desenho ou projeto para alguém que não o viu”.

Três razões para elogiar

_Por iniciativa: as boas ideias tem de ser valorizadas mesmo que o produto final seja ruim. Em nossas escolas esse tipo de elogio não é comum.

_Por esforço: o empenho da criança precisa ser sempre reconhecido, caso contrário ela poderá se sentir desestimulada no futuro.

_Por resultado: há alunos que aprendem com mais facilidade que os outros. Fique atento para não valorizar somente os bons resultados, já que todos precisam de elogios.

FONTE: Revista Escola, outubro de 2003, pg.20